quinta-feira, 21 de abril de 2011


Minha essência é o meu pior veneno. Tenho que desenvolver antídotos de borboletas o mais rápido possível. Sou um perigo pra mim. Preciso me salvar dos meus desejos, das minhas querências intangíveis. Tenho um par de asas, posso alcançar qualquer distância, mas as mesmas só me levam para o contra-vento.

- Cileninha

quarta-feira, 30 de março de 2011

Carta para a Menina Passarinho



Fecho os olhos e me vem a primeira imagem que tive da menina- passarinho. Ela estava sobre um banco do pró-saúde devorando páginas de uma melancia. Eu, passarinho com asas de papelão fui me aproximando da menina passarinho sem saber que iríamos alçar um vôo muito bonito que se chama amizade. Lembro-me que a menina-passarinho me mostrou muitos caminhos para a minha edificação pessoal, coisa que os grandes chamam de construção da identidade cultural.

Através dela conheci um carcará de corações chamado Caio Fernando Abreu, trocamos idéias a respeito de uma águia de vôos muito rasantes n’alma que se nomeia Clarice, chupamos balas musicais de um Baleiro muito sofisticado, ciscamos pelas páginas da vida de ‘Marginal’ Satrapi e bebemos da fonte de outras tantas coisas boas e maravilhosas que a vida nos ofereceu.

Sempre te soube menina-passarinho e sempre me soube uma sortuda por tê-la conhecido. Na minha vida fui agraciada com muitos presentes e um dos melhores foi ter trilhado por alguns caminhos da vida ao seu lado.

Você, como menina-passarinho tem por destino estar sempre alçando vôos pelo mundo para em cada parte dele achar uma parte sua. Na platéia da vida, estarei sempre te aplaudindo de pé, Menina-Passarinho-Leãozinho. Até breve, até sempre!


Carta para minha amiga Bruna Guerra. Leãozinho do coração.

terça-feira, 29 de março de 2011

Carta do Sr. EcoLápis para a Srta. PapelVergé



Olha, espero que um dia você possa me entender. Sim, eu também sinto a sua falta, mas não consigo mais. Sim, eu gostava de percorrer pelo teu corpo preenchendo-o da mais fina poesia, mas agora não dá mais. Ter me afastado esse tempo todo de você não foi à toa, querida. O peso dessa escolha me dói, mas foi preciso. Foi preciso porque tudo o que eu fazia para ti me soava como algo já feito por outros antes de mim e eu não queria isso, você bem sabe. Nunca me contentei com pouco e queria que tudo fosse muito original, sempre!

Cheguei cedo e te vi de longe no mesmo lugar em que outrora havia te deixado. Eu sei que não tem sido fácil pra você, mas, creia, pra mim está uma puta dureza tudo isso. Às vezes fico me perguntando: onde foi parar a minha sensibilidade? Não pense que você foi a única abandonada nessa história. Eu também fui e estou sendo, todavia. Você não faz idéia do que é ver as palavras me fugindo a todo instante. Não sei o que está acontecendo comigo.

Não, você não pode me ajudar, chérie. A culpa nem é sua. Não se preocupe, outros vão chegar e te tocar de forma suave, ousada e diferente; você merece. Eu quero te encontrar pelas ruas da vida com aquele ar de: porra, estou preenchida ao final das coisas e bilhetes e cartas e mensagens e poemas e textos e telegramas e tudo.

Não me ache covarde por estar deixando essa carta ao seu lado. Também não me acuse de abandono ou troca. Não quero que você me questione quanto a isso. Não te abandonei nem te troquei, estou apenas sendo um instrumento da vida. Você diz que te troquei para viver por aí. Talvez tenhas razão. A vida não precisa de mim, mas você sim! Espero que um dia você possa me aceitar de volta, caso eu esteja diferente e inovador.

Do teu lápis querido e amigo.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

As meninas e o cigarro




Duas meninas de aproximadamente 8 anos vinham brincando de fumar no ônibus. Cada uma que fizesse seu cigarro de papel. Tragavam por minutos até soltarem a fumaça imaginária. Aos poucos iam cortando o papel e deixando o cigarro cada vez menor. Cantavam e jogavam as cinzas da infância pela janela do ônibus em movimento. Entre sinais e curvas, as duas conversavam:
- Hum, esse ônibus tá com cheiro de manga.
- Tá não, tá é com cheiro de carniça. Vá-te embora, carniça.

Eu diria que estaria com cheiro de cigarro imaginário, mas não quis me meter na conversa. Como diz o compositor: O novo sempre vem.

O novo vem, sim, Sr. Compositor. Vem, vem com mais força e cada vez pior.