terça-feira, 29 de março de 2011

Carta do Sr. EcoLápis para a Srta. PapelVergé



Olha, espero que um dia você possa me entender. Sim, eu também sinto a sua falta, mas não consigo mais. Sim, eu gostava de percorrer pelo teu corpo preenchendo-o da mais fina poesia, mas agora não dá mais. Ter me afastado esse tempo todo de você não foi à toa, querida. O peso dessa escolha me dói, mas foi preciso. Foi preciso porque tudo o que eu fazia para ti me soava como algo já feito por outros antes de mim e eu não queria isso, você bem sabe. Nunca me contentei com pouco e queria que tudo fosse muito original, sempre!

Cheguei cedo e te vi de longe no mesmo lugar em que outrora havia te deixado. Eu sei que não tem sido fácil pra você, mas, creia, pra mim está uma puta dureza tudo isso. Às vezes fico me perguntando: onde foi parar a minha sensibilidade? Não pense que você foi a única abandonada nessa história. Eu também fui e estou sendo, todavia. Você não faz idéia do que é ver as palavras me fugindo a todo instante. Não sei o que está acontecendo comigo.

Não, você não pode me ajudar, chérie. A culpa nem é sua. Não se preocupe, outros vão chegar e te tocar de forma suave, ousada e diferente; você merece. Eu quero te encontrar pelas ruas da vida com aquele ar de: porra, estou preenchida ao final das coisas e bilhetes e cartas e mensagens e poemas e textos e telegramas e tudo.

Não me ache covarde por estar deixando essa carta ao seu lado. Também não me acuse de abandono ou troca. Não quero que você me questione quanto a isso. Não te abandonei nem te troquei, estou apenas sendo um instrumento da vida. Você diz que te troquei para viver por aí. Talvez tenhas razão. A vida não precisa de mim, mas você sim! Espero que um dia você possa me aceitar de volta, caso eu esteja diferente e inovador.

Do teu lápis querido e amigo.

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